Imagine que o seu cérebro é como uma cidade, e as estradas (artérias) levam o sangue com oxigênio para diferentes bairros. Ao mesmo tempo, há outras estradas (veias) que levam o sangue de volta para fora da cidade.
Agora, uma malformação arteriovenosa cerebral (MAVC) é como um viaduto mal feito onde as estradas se encontram de maneira irregular. Em vez de ser um viaduto normal, pode haver conexões erradas entre as estradas, e isso cria um lugar onde o sangue não flui corretamente.
Essas conexões anormais podem causar problemas. Podem fazer com que o sangue não vá para onde deveria, ou podem tornar as estradas frágeis, como se fossem ruas cheias de buracos.
Às vezes, essas malformações não causam problemas e as pessoas nem sabem que as têm. Mas em alguns casos, essas malformações podem causar vazamentos de sangue ou outros problemas, o que é algo sério e precisa ser tratado.
De uma forma um pouco mais técnica, as malformações arteriovenosas ocorrem quando vasos arteriais se conectam diretamente às veias do cérebro, sem uma interposição clara de capilares. Dessa forma, o fluxo sanguíneo chega às veias cerebrais com uma pressão elevada e, por isso, os vasos ficam tortuosos e dilatados, passando a ter um aspecto de novelo, como na imagem ilustrativa acima.
Muito se discute sobre a indicação de tratamento dessas lesões e, por isso, é extremamente importante que cada caso seja discutido com um médico que tenha experiência no tratamento das Malformações Arteriovenosas Cerebrais e que tenha a formação em Neurorradiologia Intervencionista. Sobre esse assunto, eu pude contribuir com um importante artigo na literatura médica sobre essas malformações e que explica como as MAV provocam sintomas nos pacientes. Esse trabalho acabou se tronando a minha tese de mestrado na UNICAMP (segue o link: https://doi.org/10.1590/0004-282X-ANP-2020-0291).
Existem diferentes formas de tratamento para as MAV cerebrais, desde a micro neurocirurgia até às técnicas mais recentes, inovadoras e menos invasivas, em que conseguimos tratar essas lesões por dentro dos vasos sanguíneos, utilizando as técnicas de angiografia cerebral.
Se tiver mais perguntas ou se algo não ficou claro, fique à vontade para perguntar. Estou aqui para ajudar.